Acusação de que China contaminou máscaras com coronavírus foi inventada.


Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui
Circula em grupos de WhatsApp um áudio em que um homem afirma que as máscaras de proteção exportadas pela China estão infectadas com o novo coronavírus. A alegação é falsa. O Comprova entrou em contato com o autor da gravação, que não ofereceu nenhuma evidência de que isso seja verdade. Ele também não citou fontes que corroborassem sua teoria.
A reportagem também consultou o médico infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, que classificou o boato como “bobagem”. O especialista afirmou ser impossível que as máscaras chegassem infectadas da China. “Pelo tempo que demoraria a produção e o transporte da máscara, o vírus não sobreviveria”, explicou ele. 
Um estudo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine aponta que o SARS-CoV-19 (nome oficial do novo coronavírus) pode ser detectado por até 72 horas em superfícies de plástico e até 24 horas em papelão. Os pesquisadores concluíram que a quantidade de vírus cai exponencialmente ao longo do tempo. 
No dia 8 de abril, o Ministério da Saúde anunciou ter comprado da China 240 milhões de máscaras para proteger profissionais de saúde que atendem pacientes com a covid-19. A encomenda tem 960 toneladas, que serão transportadas em quarenta voos que chegarão ao Brasil em  duas semanas. Desde o anúncio, boatos sobre contaminação de máscaras têm circulado em aplicativos de mensagens e em perfis, páginas e grupos de redes sociais. 
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira. 

Como verificamos

O autor do áudio fala seu nome e diz ser cantor, compositor e estudante de Medicina. O Comprova encontrou um canal do YouTube que atendia à descrição feita no áudio e entrou em contato com o número de telefone divulgado na página.
O Comprova também consultou o médico infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emílio Ribas, para saber da possibilidade de contaminação de máscaras por coronavírus.